Foi assim sem discurso, anúncio ou pronunciamento formal que a Paraíba viu nascer, na noite do dia 6 de janeiro de 2010, a oficialização histórica de uma aliança que há quase dois anos se anunciava.
Cássio Cunha Lima e Ricardo Coutinho selaram com um abraço incontido o que a Paraíba toda já preconiza com o pensamento.
Na casa de Ramalho Leite e da prefeita Marta Ramalho, o tucano esperava a chegada o prefeito como se no altar estivesse. Uma vez juntos, foram impulsionados a um abraço que não estava no roteiro dos assessores, que esperavam no máximo um aperto de mãos e o flagra “acidental” de máquinas fotográficas.
Quando se viram naquela sala apinhada, no entanto, Cássio e Ricardo descobriram que a cena se desenrolaria espontaneamente. O roteiro havia sido escrito pelo povo. E nele continha um abraço apertado, acompanhado de gritos e aplausos, que fala por si só.
Que diz “estamos juntos, venha o que vier”.
As eleições de 2010 ainda trarão muitas emoções. É só um começo. Mas aquele abraço estará na história desse pleito como um marco de uma aliança esperada por muitos e indesejável para o governador José Maranhão.
Nele, naquele abraço, uniram-se como num passe de mágica Campina Grande e João Pessoa, apertando eleitoralmente os projetos de reeleição do atual governador. E nele cabe toda a legião de “anti-maranhistas” que divide a Paraíba ao meio.
Não precisa mais de anúncio. Nem de palavras. É provável que Cássio e Ricardo deverão continuar contidos em suas declarações, revelando apenas o desejo de “unir os interesses”, em respeito aos que ainda torcem o nariz para a composição.
Mas o sentimento pelo qual eles estão movidos independe de palavras. Expressa-se incontrolavelmente como açude sangrando.
Claro que os problemas ainda estarão por vir. Não é difícil imaginar que entre Cássio e Ricardo existe o senador Cícero Lucena. Que dirige com o isqueiro na mão o caminhão do PSDB cheio de tambor de gasolina.
E que não medirá esforços para transformar em tragédia grega a história de um enleio político oficializado sob o céu de Bananeiras, que tem por Nossa Senhora do Livramento, sua padroeira, a garantia de superar obstáculos.
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