domingo, 28 de fevereiro de 2010

Tucanos: Lula virou as costas aos presos políticos de Cuba.

Foto: Deputado Bruno Rodrigues (PE)

A divulgação da carta enviada ao presidente Lula por um grupo de presos políticos cubanos dias antes de sua chegada a Havana esta semana revela que os dissidentes acreditavam que o destinatário poderia ser um "magnífico" interlocutor da causa dos prisioneiros junto ao regime dos irmãos Castro.

Divulgada carta que grupo apelava por Orlando Zapata antes de sua morte.

O documento é um apelo para que o presidente Lula se interesse pela situação de Orlando Zapata Tamayo, o dissidente cubano morto horas antes da chegada da comitiva brasileira a Cuba. A morte dele causou grande constrangimento ao presidente Lula, criticado pela imprensa internacional pelo silêncio com que tratou o assunto durante a estadia no Caribe.

Em greve de fome desde o dia 3 de dezembro, Zapata Tamayo buscava ajuda para melhorar as condições de vida na prisão. Ele e outros 74 cubanos foram presos em 2003 numa onda de detenções que ficou conhecida como "Primavera Negra". Julgados de forma sumária, muitos deles foram condenados a 25 anos de prisão.

Para o senador Flexa Ribeiro (PA), o presidente Lula desapontou e decepcionou todos os que esperavam que ele lutasse pela libertação dos presos de consciência e pelo fim das violações dos Direitos Humanos em Cuba. "O Brasil, com Lula, virou as costas para os encarcerados. Perdemos uma grande chance de cobrar do regime comunista a liberdade de todos eles", disse o senador.

O grupo que assinou a carta, cujo recebimento foi negado pelo presidente Lula ainda em Cuba, também teve negada a permissão para encontrar-se com o brasileiro na Embaixada do Brasil em Havana, como pretendia.

"O presidente Lula estava mais preocupado em celebrar a ditadura dos irmãos Castro e em ajudá-los a se manter no poder do que qualquer outra coisa. Não deu a menor atenção aos que apelavam por sua ajuda. A solidariedade que ele alega nunca negar a ninguém virou uma farsa: ninguém sabe, ninguém viu", lamentou o deputado Bruno Rodrigues (PE).


Leia abaixo a carta enviada a Lula pelos dissidentes cubanos. Ela foi assinada por 53 dos 75 presos na onda de prisões ocorrida em fevereiro de 2003.


Havana, 21 de fevereiro de 2010


Sr. Luiz Inácio Lula da Silva

Presidente

República Federativa do Brasil

Estimado Sr. Presidente:

Ao tomar conhecimento de sua próxima visita a Cuba, integrantes dos 75 prisioneiros de consciência, injustamente condenados duramente na Primavera de 2003, abaixo-assinantes, nos dirigimos ao Sr. para solicitar-lhe que nas conversações que manterá com os máximos representantes do governo cubano, contemple nossa situação e a dos demais prisioneiros políticos pacíficos cubanos, e advogue por nossa libertação. Igualmente aspiramos a que o Sr. se interesse pelo prisioneiro de consciência Orlando Zapata Tamayo, que desde dezembro vem mantendo uma greve de fome para reclamar seus direitos e hoje encontra-se em condições de saúde perigosas para a sua vida no Hospital Nacional de Reclusos, na Prisão Combinado del Este.

O Brasil, pelo caminho da democracia e da paz, alcançou altos níveis de desenvolvimento e reduziu consideravelmente a pobreza, e por tal motivo constitui um exemplo demonstrativo de que mediante o respeito e a livre expressão, a justiça social e o alento à criação, podem se alcançar elevadas cotas de prosperidade para os povos. Com isso, ademais, conseguiu prestígio e autoridade moral e ética internacionalmente. Seu desempenho, Presidente, foi elogiável em tal sentido.

O Sr. poderia ser um magnífico interlocutor para obter que o governo cubano se decida a fazer as reformas econômicas, políticas e sociais urgentemente requeridas, avançar no respeito dos direitos humanos, conseguir a ansiada reconciliação nacional e tirar a nação da profunda crise em que se encontra. O Sr. poderia contribuir significativamente para a felicidade e o progresso do povo cubano. Em tal sentido, posteriormente a sua visita, os representantes diplomáticos brasileiros, ao mesmo tempo em que mantenham sua relação com as autoridades cubanas, deveriam escutar as opiniões da sociedade civil, inclusive os familiares dos prisioneiros de consciência e políticos, assim como da oposição pacífica.

Receba o testemunho de nossa consideração e respeito.

Assinado:

1- Luis Enrique Ferrer García, condenado a 28 anos, prisão Mar Verde, Santiago de Cuba
2- Omar Rodríguez Saludes, condenado a 27 anos, prisão Toledo, Provincia Ciudad Habana
3- Alfredo Felipe Fuentes, condenado a 26 anos, prisão Guanajay, Provincia Habana
4- Miguel Galbán Gutiérrez, condenado a 26 anos, prisão Guanajay, Provincia Habana
5- Iván Hernández Carrillo, condenado a 25 anos, prisão "El Pre", Guamajal, Villa Clara
6- Blas Giraldo Reyes Rodríguez, condenado a 25 anos, prisão Nieves Morejón, Sancti Spiritus
7- Félix Navarro Rodríguez, condenado a 25 anos, prisão Canaleta, Ciego de Ávila
8- Normando Hernández González, condenado a 25 anos, hospital de la prisão Combinado del Este, La Habana.
9- José Daniel Ferrer García, condenado a 25 anos, prisão provincial de Las Tunas
10- Ariel Sigler Amaya, condenado a 25 anos, Hospital Julio Díaz, muy enfermo
11- Jesús Mustafá Felipe, condenado a 25 anos, prisão Provincial de Guantánamo
12- José Luís García Paneque, condenado a 24 anos, prisão "Las Mangas", Granma
13- Eduardo Díaz Fleitas, condenado a 21 anos, prisão Kilo 5 ½, Pinar del Río
14- Ricardo González Alfonso, condenado a 20 anos, prisão Combinado del Este, Ciudad de La Habana
15- Diosdado González Marrero, condenado a 20 anos, prisão Kilo 5 ½, Pinar del Río
16- Pedro Argüelles Morán, condenado a 20 anos, prisão Canaleta, Ciego de Ávila
17- Pablo Pacheco Ávila, condenado a 20 anos, prisão Canaleta, Ciego de Ávila
18- Librado Linares García, condenado a 20 anos, prisão La Pendiente, Villa Clara
19- Arturo Pérez de Alejo Rodríguez, condenado a 20 anos, prisão "El Pre", Guamajal, Villa Clara
20- Julio César Gálvez Rodríguez, condenado a 20 anos, prisão Combinado del Este, Ciudad de La Habana.
21- Nelson Molinet Espino, condenado a 20 anos, prisão Kilo 5 ½, Pinar del Río
22- Fabio Prieto Llorente, condenado a 20 anos, prisão El Guayabo, Isla de la Juventud
23- Léster González Pentón, condenado a 20 anos, prisão La Pendiente, Villa Clara
24- Fidel Suárez Cruz, condenado a 20 anos, prisão Kilo 8, Pinar del Río
25- Manuel Ubals González, condenado a 20 anos, prisão Boniato, Santiago de Cuba
26- Leonel Grave de Peralta Almenares, condenado a 20 anos, prisão Boniato, Santiago de Cuba
27- Antonio Díaz Sánchez, condenado a 20 anos, prisão Canaleta, Ciego de Ávila
28- Horacio Piña Borrego, condenado a 20 anos, prisão Kilo 5 ½ Pinar del Río
29- Marcelo Cano Rodríguez, condenado a 18 anos, prisão Ariza, Cienfuegos
30- Omar Ruíz Hernández, condenado a 18 anos, prisão Nieves Morejón, Sancti Spiritus
31- Arnaldo Ramos Lauzerique, condenado a 18 anos, prisão Nieves Morejón, Sancti Spiritus
32- José Ubaldo Izquierdo, condenado a 16 anos, prisão Guanajay, Provincia Habana
33- Antonio Villarreal Acosta, condenado a 15 anos, prisão La Pendiente, Villa Clara
34- Adolfo Fernández Sainz, condenado a 15 anos, prisão Canaleta, Ciego de Ávila
35- Alexis Rodríguez Fernández, condenado a 15 anos, prisão Aguadores, Santiago de Cuba
36- Claro Sánchez Altarriba, condenado a 15 anos, prisão Provincial de Guantánamo
37- Alfredo Pulido López, condenado a 14 anos, prisão Cerámica Roja, provincia Camagüey
38- Alfredo Domínguez Batista, condenado a 14 anos, prisão Típico Viejo, Las Tunas
39- José Miguel Martínez Hernández, 14 anos, prisão Quivicán, Provincia Habana
40- Efrén Fernández, condenado a 12 anos, prisão de Guanajay, Provincia Habana
41- Héctor Raúl Valle Fernández, condenado a 12 anos, prisão Guanajay, Provincia Habana
42- Ricardo Silva Gual, condenado a 10 anos, prisão Aguadores, Santiago de Cuba
43- Margarito Broche Espinosa, condenado a 25 anos, com licença extra penal por doença
44- Héctor Palacios Ruiz, condenado a 25 anos, com licença extra penal por doença
45-Marta Beatriz Roque Cabello, condenada a 20 anos, com licença extra penal por doença
46-Roberto de Miranda, condenado a 20 anos, com licença extra penal por doença
47- Oscar Espinosa Chepe, condenado a 20 anos, com licença extra penal por doença
48- Jorge Olivera Castillo, condenado a 18 anos, com licença extra penal por doença
49- Marcelo López Bañobre, condenado a 15 anos, com licença extra penal por doença
50- Carmelo Díaz Fernández, condenado a 15 anos, com licença extra penal por doença.

Fonte: Agência Tucana

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